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Dramatis Personae

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Filopolímata y explorador de vidas más poéticas, ha sido traductor, escritor, editor, director de museos, músico, cantante, tenista y bailarín de tango danzando cosmopolita entre las ciencias y las humanidades. Doctor en Filosofía (Spanish and Portuguese, Yale University) y Licenciado y Profesor en Sociología (Universidad de Buenos Aires). Estudió asimismo Literatura Comparada en la Universidad de Puerto Rico y Estudios Portugueses en la Universidad de Lisboa. Vivió también en Brasil y enseñó en universidades de Argentina, Canadá y E.E.U.U.

sábado, 19 de octubre de 2019

O haver

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo:
— Perdoai! — eles não têm culpa de ter nascido...
Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.
Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.
Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia de simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.
Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano, ou essa súbita alegria
Ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória...
Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de sua inútil poesia e sua força inútil.
Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa tola capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem de comprometer-se sem necessidade.
Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo esse desejo de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não têm ontem nem hoje.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar
E transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante
E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
Na busca desesperada de alguma porta quem sabe inexistente
E essa coragem indizível diante do Grande Medo
E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva.
Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem história
Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do próprio reino.
Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento
Esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável
Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços
E esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.
Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio
Pelo momento a vir, quando, emocionada
Ela virá me abrir a porta como uma velha amante
Sem saber que é a minha mais nova namorada.

Vinicius de Moraes

martes, 15 de octubre de 2019

Harold Bloom

https://www.nytimes.com/2019/10/14/books/harold-bloom-dead.html?fbclid=IwAR2oV0jFAynqifQWJlH8M6K_sH4L3vsOBLTcv_fcStPlxC5ms0_BKimDR4c

                                                      Jim Wilson/The New York Times


Fue mi profesor en Yale, tomé dos veces su curso sobre Shakespeare. Ya lo conocía por haber leído su "The anxiety of influence", tan relevante para la teoría literaria. Luego llegaron las lecturas de "Shakespare. The invention of the human", "The Western Canon" y "How to read and why". Mi último recuerdo de él fue cuando nos encontramos en un baño de Yale, mingitorio de por medio."Este es el último año que doy clases", me dijo. Le respondí, mientras ambos nos abrochábamos los pantalones: "Profesor, tengo entendido que hace varios años que viene diciendo lo mismo". Efectivamente, al año siguiente volvía a compartir su saber sobre el gran dramaturgo y poeta inglés en las aulas de la universidad. Un enorme privilegio fue para mí escucharlo y de igual manera creo que se sentían casi todos los que abarrotaban su aula con una atención sagrada.


domingo, 6 de octubre de 2019

Kierkegaard







La libertad y la responsabilidad frente a las formalidades vacías de la iglesia danesa, su temor y temblor, su inexplicable pérdida de Regine, la hipocresía del cristianismo, la angustia existencial, los límites de la estética y la ética, en todo esto pensaba mientras contemplaba esta estatua del “caballero de la fe”, en la que se ve tan distinto según el lugar desde donde lo miremos...

miércoles, 2 de octubre de 2019

La simulación en la lucha por la vida



“Existen, dice S. Faure, naturalezas intrépidas y leales, demasiado saturadas de verdad y de franqueza para plegarse a las exigencias de la vil estrategia que obliga a ser mentirosos e hipócritas para no ser vencidos en la lucha por la vida; lo que piensan esos caracteres fuertemente templados salta a sus labios; gritan sus desagrados, sus rebeldías, sus indignaciones de la misma manera que afirman sus aspiraciones y sus ideales. Si son obreros, se les arroja de los talleres como ovejas sarnosas que podrían contagiar a la majada; si comerciantes, pierden su clientela y su crédito, si funcionarios, son destituidos; si escritores, se les quiebra la pluma; si hablan, se les condena al silencio de la prisión; sus mejores amigos los encuentran comprometedores; sus parientes los reniegan; su propia familia no les perdona que hayan levantado la voz indignada contra la mentira socialmente organizada; y la multitud, si es feroz, los tratará como malhechores, si es indulgente los llamará locos. Tartufo es el rey; suyo es el triunfo. Decid a vuestro auditorio las necedades más viles, las más bajas adulaciones, y os aclamará: decidle la verdad, le será desagradable y os execrará.” (José Ingenieros, La simulación en la lucha por la vida).